sábado, 10 de setembro de 2011

Beber e dirigir não é direito de ninguém


Este artigo do Jairo é importantíssimo e deve ser republicado! Vale para todos, sem distinção, pois o que se percebe por ai, especialmente nos finais de semana, bares superlotados e muitos carros e motos...

Beber e dirigir não é direito de ninguém

Jairo Bouer

Dois graves acidentes de carro que tiraram a vida de jovens em São Paulo, recentemente, chamam a atenção para um fenômeno cada vez mais recorrente em nosso país. As mortes no trânsito, na contramão de outras causas de morte violenta, caem a uma velocidade muito lenta, mesmo depois da lei seca. E é claro que o álcool é o grande vilão da maior parte dessas fatalidades.

Um carro que voava a quase 150 km/h em uma das ruas mais movimentadas do Itaim Bibi, bairro nobre de São Paulo, tirou a vida de uma jovem advogada. Em outro caso, um carro blindado, também em velocidade que excedia o limite de 30km/h de uma pequena rua na Vila Madalena, atropelou um jovem de 24 anos, que voltava a pé para casa.

Em comum, esses acidentes revelam uma faceta de outros do mesmo gênero, que se repetem à exaustão nos finais de semana de pequenas e grandes cidades do Brasil. As pessoas bebem, têm seus reflexos prejudicados, assumem comportamentos de risco ao volante e perdem o controle sobre seus carros, que se transformam em armas mortais.
É triste ver que, mesmo com a lei seca, a bagunça segue solta. Rachas, excesso de velocidade, desrespeito ao pedestre, arrogância, enfrentamento das autoridades, mentiras sobre o que se fez ou como se conduzia, tudo virou rotina. As pessoas se consideram acima da lei, criando a concepção de que 'tenho meu carro, posso usá-lo como eu quiser'.

Errado! Em sociedade, os direitos individuais esbarram nos direitos dos outros. Se, por ter bebido, eu posso colocar outras pessoas em risco, eu tenho que abrir mão do meu direito de conduzir. Parece óbvio, mas não é assim que acontece!

Enquanto essa consciência não for automática e a cultura do cuidado não prevalecer, as leis têm de ser aplicadas de forma exemplar. Talvez o exemplo sirva de freio, enquanto a maturidade não chega. Blitz, lei dura e punições cabíveis devem prevalecer, doa a quem doer. E essa dor não vai ser maior do que a dor de quem perde filhos ou amigos pela imprudência alheia!

jbouer@uol.com.br
Folha de São Paulo – 08-08-2011 

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