Leia este artigo de orlando sabka:
Indignação continua
Certas coisas acontecem e nós, pobres mortais pagadores de impostos, não conseguimos entender, ou o entendimento fugiu de nosso alcance, de modo que queremos cada coisa em seu devido lugar, sem que aja favorecidos ou não, pelos menos pensamos assim, pois fomos educados respeitando limites, em que respeito, palavra, honra, decência são raízes inalienáveis. O respeito às pessoas sempre foi fundamental, mas nos dias atuais não é bem assim. Comunidades são ignoradas, como também suas necessidades básicas (alimentação, saúde, segurança, educação, moradia, dentre outras).
Um exemplo a citar, com imensa indignação, o não atendimento, por parte do poder público, a quase duas décadas, dos inúmeros reclames e solicitações para implantação de redutores de velocidade junto à rodovia MT 270, trecho entre o Bairro Colina Verde e Jardim Atlântico. Optaram pelo menor esforço paliativo, trancar com blocos de concreto o meio da rodovia, de modo a não permitir o acesso à mesma pela Av. D. Pedro, saída natural para diversos bairros, obrigando os motoristas a uma enorme volta pelo Jardim Mato Grosso e Coopalis, como também quem trafega pela Av. Rio Branco é obrigado a rodar até a Rua Fernando Correa da Costa ou seguir pelo Jardim Mato Grosso e pela Coopalis, afunilando e congestionando ainda mais o trânsito defronte ao Macro Supermercado, numa clara demonstração de desconhecimento dos reais problemas daquela região. Podemos entender também como omissão para com nossa gente, pois ao invés de sanar problemas, criam outros ainda maiores. No entanto, o poder público atendeu de imediato a construção de redutores de velocidade e lombadas na Rua Fernando Correa da Costa, defronte ao Hipermercado que está sendo construído. Nada contra essas obras, pelo contrário, aplaudimos, são bem vindas, mas fica a pergunta: por que não atendem aos nossos apelos? O hipermercado é um comércio particular, nós somos diversas comunidades com centenas de famílias, por que esse descaso para conosco?
A cada dia que passa se observam absurdos por toda parte. O trânsito virou luta campal, onde alguns se apregoam que tudo podem, para desespero de muito e as mortes vão acontecendo. Os assaltos às residências, aos estabelecimentos comerciais e bancários e aos transeuntes são uma constante, seja à luz do dia ou à noite, não fazendo a menor diferença para os meliantes, face às facilidades encontradas, seja nas leis vigentes (muitas delas ultrapassadas à realidade presente), na falta de um aparato policial intensivo e ostensivo e, principalmente, na omissão do Estado. O que dizer dos constantes assassinatos em nossa cidade?
Corrupção e roubalheira se alastram pelo país de modo assustador, tendo com combustível a impunidade. Quem deveria dar bom exemplo se omite, encontra campo fértil em nossa Casa maior de Leis, num verdadeiro balcão de negociatas, muitas vezes sob os auspícios do executivo e sob o manto protetor do Judiciário. O mesmo acontece com empresários de peso e funcionários dos altos escalões. Sentenças são compradas na maior cara de pau. Ninguém é preso e condenado, muito menos se devolve o dinheiro adquirido ilicitamente e os escândalos pipocam todos os dias, num festival de roubalheira interminável. Temos a obrigação de combater terminantemente a corrupção, sob pena de nossa frágil democracia se esfacelar por inteiro, de modo que os três poderes da República voltem a ser o baluarte dessa nação e não essa vergonha nacional.
Como educar nossos filhos ante toda essa podridão? Transmitir valores morais e éticos em casa ou na escola se olharmos para os lados e vemos exatamente o contrário? Os noticiários televisivos e imprensa escrita e falada nos apresentam, diariamente, uma enxurrada de denúncias das mais diversas de desvios de verbas, até da merenda escolar, numa escalada jamais vista em nosso país e a vida continua como se nada estivesse acontecido, que nos leva a pensar que a roubalheira praticada pelos intocáveis do colarinho branco foi institucionalizada de modo permanente. A isso tudo nossos jovens observam e muitas vezes questionam se no Brasil compensa ser honesto. Estamos no fundo do poço da moralidade, ética, aplicação das leis e assim por diante. Até quando?
A inversão de valores é tal que não nos abalamos mais. Nas escolas os professores são reféns dos alunos. O uso de drogas se disseminou pelo país. Nos presídios quem manda é o preso, inclusive arquiteta assaltos e assassinatos, tudo numa boa, sem maiores interferências. O STF determinou que casamento de homem com homem e mulher com mulher constitui família, em total desencontro do que consta em nossa Constituição Federal e nas leis de Deus. E o STJ anula provas apresentadas pela PF, em flagrante proteção aos envolvidos em crimes do “colarinho branco”. Respeito, gentileza, hombridade, honra, decência, palavra empenhada, etc. há muito que caiu de moda, ao passo que mentir e zombar, ameaçar, deturpar e desrespeitar, furtar e roubar é uma constante de uma lista interminável, sendo a tônica no dia a dia no Brasil, paraíso de ladrões engravatados e criminosos internacionais, em decisões judiciais de fazer ruborizar as pessoas de bem desse país, em total desacordo com a nossa carta maior de Leis. São pessoas que deveriam zelar por nossas leis e fazer bom uso delas, no entanto zomba das mesmas, se achando superior a tudo e a todos, de acordo com a conveniência. Isso é triste e lamentável e mais triste ainda é que permanecemos de braços cruzados sem tomar nenhuma atitude.
Nossos gestores, com algumas exeções, nas três esferas (municipal, estadual e federal) deixam a desejar, devem comprometimento com a coisa pública, a zelar pelas leis e sua aplicação na horizontal. Que nossa gente possa ter tratamento digno na saúde e na educação. Segurança em seus lares e no trabalho. Salário e aposentadoria que venha a cobrir suas necessidades. Rodovias seguras e que o ir e vir seja garantido para todos.
ORLANDO SABKA
RG 135.757/SSP/MS
Rondonópolis/MT, setembro de 2011.