sábado, 29 de junho de 2013

"Eu sou brasileiro, com muito orgulho, com muito amor!"

Um homem de verdade! A história de Sílvio Mota (Ex-Juiz Federal) na manifestação em Fortaleza(27/06)  que teve a coragem e 'não correu', quando a tropa de choque  avançou, ameaçadoramente contra ele!
Isto aconteceu durante a Manifestação do dia 27/06/2013, em Fortaleza/CE.  Bialopes


         "Eu sou brasileiro, com muito orgulho, com muito amor!"


"Depoimento de SILVIO MOTA, juiz federal aposentado, ex-militante da ALN, exilado, anistiado, atualmente coordenador do Comitê Verdade Memória e Justiça do Ceará. 

"Eu sou brasileiro, com muito orgulho, com muito amor!" Era isso que eu ia cantando quando avancei contra a PM do Sr. Cid Gomes. Por que avancei?

Em primeiro lugar,  e avançou para acabar com a manifestação. Uma manifestação pacífica, de cara limpa, em que tremulavam bandeiras dos movimentos sociais e até de partidos políticos.

Não é verdade que os manifestantes provocaram o enfrentamento.

A PM do Ceará mentiu, e a Rede Globo também.

A maior manipulação da Globo foi a de não seguir a linha do tempo, e apresentar imagens do final do conflito sem nada dizer das horas de bombardeio que sofremos.

Tenho 68 anos e limitações de locomoção, e estava sentado quando eu e minha esposa, também com 68 anos, fomos atingidos por artefatos de gás lacrimogênio.

Estávamos longe da barreira, com vários trabalhadores, professores universitários, profissionais da saúde, e até militantes das Pastorais da Igreja Católica.

Minha esposa foi levada por jovens manifestantes para longe, a fim de ser tratada dos efeitos do gás. Eu fiquei, inclusive porque peso mais de 100 quilos. Estava aplicando uma esponjinha molhada de vinagre para poder respirar, mas vi uma jovem tão apavorada que passei minha esponja para ela.

Levantei-me indignado e avancei contra os escudos da barreira, de cara limpa, com a camisa contra a PEC 37. Os PMs ficaram confusos, mas logo avançou um oficial superprotegido por escudos e asseclas que mal podia falar.

Foi logo dizendo que eu não podia fazer aquilo, mas respondi que estava no meu direito de manifestar-me sem armas. Ele alegou que eu podia ser atingido por pedras, mas nenhuma foi arremessada contra mim. As poucas que havia no chão eram pequenas, e nenhum risco causavam a seus escudos e coletes. Disse-lhe que dispensava sua proteção, pois quem tinha me agredido era ele, e não pedras.

Ele voltou para sua linha de escudos.

Os jornalistas presentes logo me perguntaram se eu era promotor, e lhes disse que era juiz aposentado e meu nome. Até defendi o plebiscito proposto pela Presidenta Dilma.

O garboso oficial com seus escudos laterais saiu da linha de novo e disse que iria prender-me.

Disse-lhe que não podia fazer isso porque eu era um magistrado vitalício e não estava cometendo nenhum crime. Exibi-lhe minha carteira funcional, e ele disse que não ia me prender, mas que ia prender a um senhor militante do MST que tinha avançado para meu lado para proteger-me e estava usando a camisa do movimento. Disse-lhe então que iria com ele, e na confusão o camponês correu e o garboso oficial não teve coragem de abandonar a linha para persegui-lo.

Dei-lhe as costas e voltei para a meninada, que já estava mais calma, mas então ele teve coragem de mandar dísparar pelos menos cinco artefatos de gás nas minhas costas. Os meninos apagaram quatro deles em baldes de água, e um quinto me atingiu no meio das costas. Caiu no chão e chutei para o lado. É bom saber: nunca dê as costas para uma hiena.

Depois de voltar para a manifestação encontrei minha mulher, ficamos ainda algum tempo aguentando gás lançado contra nós sem motivo, em trajetórias de longo alcance e ainda deu tempo para sair com nosso carro e almoçarmos em um restaurante (o que tinha que fazer com urgência, pois já eram duas da tarde e sou diabético).

Só então tivemos notícias dos confrontos mostrados nas imagens da Globo, por celular.

Sílvio Mota
Magistrado Federal"

extraído do Facebook

quarta-feira, 26 de junho de 2013

Artigo: PEC 33 afronta a Constituição




Brasília – O artigo "PEC 33 afronta a Constituição" é de autoria do presidente da Seccional da OAB de Goiás, Henrique Tibúrcio, e foi publicado na edição desta terça-feira (30) do jornal O Popular.

Não é preciso dizer da importância da conquista da democracia para a sociedade brasileira, e quanto essa conquista nos foi cara. Há quase três décadas vivemos sob a égide de um Estado democrático, cristalizado pelo texto da Constituição Federal de 1988.

Embora já madura, nossa democracia precisa de atenção e vigilância constantes para que não nos seja solapada. Tentativas disso, por mais nefastas que sejam, ainda acontecem. A mais recente e descarada visualiza-se hoje com a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 33/2011, de autoria do deputado federal Nazareno Fonteles (PT-PI). Trata-se da maior tentativa de interferência na independência dos três poderes desde a redemocratização do país.

O principal objetivo da PEC 33/2011 é restringir a atuação do Supremo Tribunal Federal (STF), a mais alta corte Judiciária brasileira. A proposta pretende alterar a quantidade mínima de votos de membros do STF para declaração de inconstitucionalidade de leis; condiciona o efeito vinculante de súmulas aprovadas pelo Supremo à aprovação pelo Poder Legislativo e submete ao Congresso Nacional a decisão sobre a inconstitucionalidade de Emendas à Constituição. Um absurdo sem precedentes na nossa história.

A Constituição Federal assegura em cláusula pétrea, visando, principalmente, evitar que um dos Poderes usurpe as funções de outro, a separação dos Poderes do Estado, tornando-os independentes e harmônicos entre si (Artigo 2º). O Poder é soberano, dividindo-se nas funções Legislativa, Judiciária e Executiva, e com mecanismos de controle recíprocos, garantindo, assim, a manutenção do Estado Democrático de Direito.

Nesse contexto, a PEC 33 afronta a interdependência dos três poderes e a própria harmonia entre eles, ferindo a Carta Magna. Curioso é que, em entrevista sobre o assunto, o autor da referida PEC justifica que o Supremo “exorbita” suas funções e o Congresso Nacional sofre “humilhação” pela atuação da Corte.

O que estarrece, na verdade, é que a volta da PEC à luz das discussões no Congresso Nacional coincide com o julgamento da Ação Penal 470 - mensalão, pela Suprema Corte, que condenou 25 réus, entre eles o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, o ex-presidente do PT, José Genoino, e os deputados federais João Paulo Cunha (PT-SP), Pedro Henry (PP-MT) e Valdemar Costa Neto (PR-SP). Portanto, qualquer mudança na atuação do STF que signifique submissão ao Congresso Nacional é, além de inconstitucional, e, neste momento, descabido e grosseiro casuísmo.

Mais grave é a sua admissão pela Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, um perigoso recado ao STF da pretensão de parte do Legislativo Federal.

Permitir-se a aprovação da PEC 33 seria o começo da desconstrução do Estado brasileiro, porta escancarada para qualquer outra incursão manietadora das nossas instituições, ainda fortes. O mesmo ocorreu na Venezuela e na Bolívia, recentemente, para ficar nos mais óbvios. E não creio, com a devida vênia, que queiramos nos parecer com nossos vizinhos nesse aspecto.

DECLARAÇÃO DO MINISTRO JOAQUIM BARBOSA


Não é de agora que existe uma 'seleção' dos piores, dos maus, dos oportunistas, de malandros desonestos nos quais quem está no Poder investe, para dar educação e preparo, mas para trabalhar para o mal! 
Serão estes transformados, recebendo estudo e conhecimento para, de forma mal-intencionada, com estudo e capacitação especialmente na área de direito (lamento profundamente expor esta conclusão, mas é uma grande verdade)... Assim surgem profissionais 'barra pesada', que trabalham pelo que não é correto!
A admirável postura do Ministro do STF, Joaquim Barbosa, que tem a dignidade, a honestidade e retidão de caráter para lutar sem medo, mas não sem risco, contra tudo o que está errado em nosso País!  (Beatriz Antonieta Lopes)





O que diz o Ministro:

"Somos o único caso de democracia no mundo em que condenados por corrupção legislam contra os juízes que os condenaram.
Somos o único caso de democracia no mundo em que as decisões do Supremo Tribunal podem ser mudadas por condenados.
Somos o único caso de democracia no mundo em que deputados após condenados assumem cargos e afrontam o Judiciário.
Somos o único caso de democracia no mundo em que é possível que condenados façam seus habeas corpus, ou legislem 
para mudar a lei e serem libertos".


(Declaração do Ministro do STF, Joaquim Barbosa, sobre o projeto de submete à aprovação do Congresso as decisões do STF)



segunda-feira, 24 de junho de 2013

Diabetes Mellitus tipo 1 (infantil)

Tudo o que se possa imaginar em matéria de desrespeito ao ser humano ainda é pouco! Olha só que estão fazendo com a saúde das  pessoas!  Leia o relato de Debora Pasero, mãe da pequena  Anne!

 by bialopes




"Bom dia! Não sou de expor minha vida no face, gosto de mensagens alegres, de palavras positivas, gosto da vida e de fotos felizes. Mais o que aconteceu com a minha filha Anne na madrugada de domingo me fez acordar e pedir a todos os meus amigos e familiares que me ajudem a divulgar o ocorrido. Acrescento meu depoimento aos da reportagem do Estado de Minas semana passada. 
Como se não bastasse todo o descaso do governo para com a sociedade,chegou a vez dos diabéticos,adultos e infantis. Para economizar (o bolso deles) os responsáveis pela distribuição do glicosímetro e respectivas fitas, que por lei é distribuído gratuitamente, resolveram trocar a marca ACCU CHECK pela Porcaria chamada CEPA produzida na China. Pq????
É mais barato e se danem quem faz uso diário do glicosímetro. Ele marca errado a glicemia e quem faz uso da insulina 5 a 6 vezes por dia ,como é o caso da Diabetes Mellitus tipo 1 (infantil), está tomando doses cavalares, provocando sérios problemas como aconteceu com a minha filha que correu o risco de entrar em coma . 
Agimos rápidos e a levamos ao PA já desmaiada em meus braços. Graças a Deus os médicos de plantão cuidaram da minha filha muito bem e ela ficou no soro, fez todos os exames e constataram que foi uma descompensação das doses altas de insulinas por conta do glicosímetro da China . Por favor me ajudem a divulgar,esse glicosímetro tem de sair dos postos de saúde,mais crianças podem estar passando por isto neste momento. Isso tem de chegar até a Secretaria de saúde. 
Acorda Brasil! São as nossas crianças! Já deixo meu agradecimento para quem puder me ajudar".


Debora Pasero

domingo, 23 de junho de 2013

a arte de lutar contra situações deprimentes...

Outro relato, desta vez se trata do doutor Alex Araújo, que realiza seu trabalho numa comunidade no interior de Minas Gerais...Estes profissionais fazem a diferença!






"Este é meu consultório em uma comunidade no interior de

 Minas Gerais .Aqui não temos estrutura adequada e nem

condições de trabalho favoráveis .O mesmo espaço servia

 de biblioteca da escola,cantina da escola e consultório .O

 que nos move aqui é o amor que temos a nossos 

compatriotas mais necessitados. E temos ainda "de sobra" a 

arte de lutar contra situações deprimentes . No Brasil ,não

 faltam médicos, não falta disposição. Falta vontade 

política"!




                                            Alex Araújo, médico, interior de Minas Gerais

Sou médica, mulher, brasileira, do interior e do nordeste...

Outra médica de fibra, que não tem medo de dizer as verdades necessárias!
A  realidade que envolve o descaso com a população, com a Saúde Pública, a falta de itens básicos necessários para salvar vidas, um mar de lama e corrupção....By bialopes




"Sou médica, mulher, brasileira, do interior e do nordeste, muito prazer,estudei muito, me sacrifiquei durante 6 longos anos, cursando medicina com uma filha recém-nascida, mas consegui, tornei me medica!!!!
Então eu herdei da presidente do Brasil (NÃO ME REPRESENTA) a culpa de toda a corrupção do país. Sim!
Os hospitais públicos estão caindo aos pedaços ( e alguns caindo por inteiro até), saquead
os pelo desvio de verba, pelas licitações fraudulentas, pela troca de favores, pelas obras super faturadas que nunca terminam ou nem começaram, pela má administração do dinheiro publico! Hospitais sem elevador, centro cirúrgico, sem banco de sangue, sem estrutura e pessoal de laboratório, sem luva, sem gaze, sem dipirona! sem ambulância, sem raio x, sem tomografia, sem mamografia, sem CTIs, sem ultra som .. Emergências lotadas de pessoas com doenças agudas, doenças graves, com doenças raras, doenças contagiosas, um ao lado do outro! doenças crônicas que poderiam não estar tão graves se os postos de saúdes fossem mais bem equipados e (as equipes melhor remuneradas ) e assim pudesse cobrir a população. Interiores, como os de onde eu sou, inóspitos, sem rodovias de acesso, sem serviço de referencia pra drenar os pacientes, com prefeituras caloteiras. sistema de saúde com enfermeiros trabalhando como zumbis, numa carga horária de escravidão por uma quantia que é desrespeitosa.Ambulâncias sucateadas em uso enquanto outras apodrecem sem atender uma pessoa sequer!
Estudar uma vida inteira, deixar tudo pra me dedicar á vida, nao ter uma lei que me regulamenta, receber uma miséria, não ter horário de almoço ou sono, nem boas condição de trabalho e ainda ter que escutar esse seu pronunciamento???

Eu to cansada senhora presidente! Cansada de ver gente gemendo nas filas enormes enquanto esperam a sua vez. Cansada de ver gente morrer porque falta medicação nos hospitais. Cansada de ver idoso esperando ANOS por uma cirurgia. Cansada de ver mulheres darem á luz em corredores. cansada de ver criança esquecida pelo sistema. Cansada de ver gente MORRER pelo descaso, senhora presidente! 
A senhora já viu alguém pedir socorro e não pôde ajudar? A senhora já fez massagem cardíaca em criança pra salvar sua vida? A senhora já fez respiração artificial em quantas pessoas porque a energia faltou e o gerador do hospital não funcionou? A senhora, presidenta, já teve alguém morrendo em seus braços?

Então cale a boca senhora presidente! CALE A BOCA!!! 
Não me venha falar que a culpa é minha!! Não venha iludir esse povo sofrido que não sabe o que é ser tratado no Sírio Libanês! Não venha falar pro povo que importar médicos de outros países sem o minimo de cuidado resolverá o problema do SUS, porque é MENTIRA! NÃO FALTAM MÉDICOS, falta vergonha na cara da senhora e todo o legislativo que saqueia os impostos do povo para o uso indevido! Que faz copa "pra gringo ver" com o MEU imposto ! Agora não venha me falar que a culpa do SUS a sua ineficiência é por causa do medico e que importação é a solução! Não fale, senhora presidenta, porque a culpa é SUA! 
Eu sou medica, brasileira, indignada, explorada, pago impostos (muitos) e estou cansada de ver gente morrer!!! E A CULPA NÃO É MINHA"!!!


Helma Maciel, Sou médica, mulher, brasileira, do interior e do nordeste...





sábado, 22 de junho de 2013

Tudo que uma médica BRASILEIRA, que trabalha no interior, quer falar pra "Presidenta" hoje:

Fernanda Melo:  Médica, moradora e trabalhadora de Cabo Frio, cidade da baixada litorânea do estado do Rio de Janeiro. Uma profissional correta, preocupada e competente!
Meu Deus! Ela mostrou, de maneira SIMPLES e DIRETA o que é a SAÚDE no BRASIL!  E "os milagres" que profissionais da medicina dedicados precisam fazer para tentar salvar vidas!
Parabéns pela coragem de dizer o que precisa ser dito! O Brasil (nós, povo brasileiro) precisa de profissionais assim! Que fazem que lutem e questionem!
by bialopes

Tudo que uma médica BRASILEIRA, que trabalha no interior, quer falar pra "Presidenta" hoje:                                                                                                              Artigo de Fernanda Melo



Dilma, deixa eu te falar uma coisa! Este ano completo 7 anos de formada pela Universidade Federal Fluminense e desde então, por opção de vida, trabalho no interior. Inclusive hoje, não moro mais num grande centro. Já trabalhei em cada canto... Você não sabe o que eu já vi e vivi, não só como médica, mas como cidadã brasileira. Já tive que comprar remédio com meu dinheiro, porque a mãe da criança só tinha R$ 2,00 para comprar o pão. Por que comprei? Porque não tinha vaga no hospital para internar e eu já tinha usado todos os espaços possíveis (inclusive do corredor!) para internar os mais graves. Você sabe o que é puxadinho? Agora, já viu dentro de enfermaria? Pois é, eu já vi. E muitos. Sabe o que é mãe e filho dormirem na mesma maca porque simplesmente não havia espaço para sequer uma cadeira? Já viu macas tão grudadas, mas tão grudadas, que na hora da visita médica era necessário chamar um por um para o consultório porque era impossível transitar na enfermaria? Já trabalhei num local em que tive que autorizar que o familiar trouxesse comida ( não tinha, ora bolas!) e já trabalhei em outro que lotava na hora do lanche (diga-se refresco ralo com biscoito de péssima qualidade) que era distribuído aos que aguardavam na recepção. Já esperei 12 horas por um simples hemograma. Já perdi o paciente antes de conseguir um mera ultrassonografia. Já vi luva descartável ser reciclada. Já deixei de conseguir vaga em UTI pra doente grave porque eu não tinha um exame complementar que justificasse o pedido. Já fui ambuzando um prematuro de 1Kg (que óbvio, a mãe não tinha feito pré natal!) por 40 Km para vê-lo morrer na porta do hospital sem poder fazer nada. A ambulância não tinha nada...Tem mais, calma! Já tive que escolher direta ou indiretamente quem deveria viver. E morrer...Já ouvi muito desaforo de paciente, revoltando com tanto descaso e que na hora da raiva, desconta no médico, como eu, como meus colegas, na enfermeira, na recepcionista, no segurança, mas nunca em você. Já ouviu alguém dizer na tua cara: meu filho vai morrer e a culpa é tua? Não, né? E a culpa nem era minha, mas era tua, talvez. Ou do teu antecessor. Ou do antecessor dele...Já vi gente morrer! Óbvio, médico sempre vê gente morrendo, mas de apendicite, porque não tinha centro cirúrgico no lugar, nem ambulância pra transferir, nem vaga em outro hospital? Agonizando, de insuficiência respiratória, porque não tinha laringoscópio, não tinha tubo, não tinha respirador? De sepse, porque não tinha antibiótico, não tinha isolamento, não tinha UTI? A gente é preparado pra ver gente morrer, mas não nessas condições. Ah Dilma, você não sabe mesmo o que eu já vi! Mas deixa eu te falar uma coisa: trazer médico de Cuba, de Marte ou de qualquer outro lugar, não vai resolver nada! E você sabe bem disso. Só está tentado enrolar a gente com essa conversa fiada. É tanto descaso, tanta carência, tanto despreparo... As pessoas adoecem pela fome, pela sede, pela falta de saneamento e educação e quando procuram os hospitais, despejam em nós todas as suas frustrações, medos, incertezas... Mas às vezes eu não tenho luva e fio pra fazer uma sutura, o que dirá uma resposta para todo o seu sofrimento! O problema do interior não é falta de médico. É falta de estrutura, de interesse, de vergonha na cara. Na tua cara e dessa corja que te acompanha! Não é só salário que a gente reivindica. Eu não quero ganhar muito num lugar que tenha que fingir que faço medicina. E acho que a maioria dos médicos brasileiros também não.
Quer um conselho? Pare de falar besteira em rede nacional e admita: já deu pra vocês! Eu sei que na hora do desespero, a gente apela, mas vamos combinar, você abusou! Se você não sabe ser "presidenta", desculpe-me, mas eu sei ser médica, mas por conta da incompetência de vocês, não estou conseguindo exercer minha função com louvor!
Não sei se isso vai chegar até você, mas já valeu pelo desabafo!


Fernanda Melo, médica, moradora e trabalhadora de Cabo Frio, cidade da baixada litorânea do estado do Rio de Janeiro.

JÔ Explica....

Jô explicou cada centavo, para o desinformado ministro! Centavo a centavo...Será que o desinformado entendeu????

"O ministro Gilberto Carvalho, após reunião de governo, deu entrevista dizendo que não entende as razoes das manifestações de protesto de ontem". 

O Jô Soares mais tarde se encarregou de explicar centavo por centavo as razoes do surto da Galera. Será que agora perceberão !!!

JÔ Explica....

Pra quem não entendeu ainda: os vinte centavos, um por um:

00,01 - a corrupção
00,02 - a impunidade
00,03 - a violência urbana
00,04 - a ameaça da volta da inflação
00,05 - a quantidade de impostos que pagamos sem ter nada em troca
00,06 - o baixo salário dos professores e médicos do estado
00,07 - o alto salário dos políticos
00,08 - a falta de uma oposição ao governo
00,09 - a falta de vergonha na cara dos governantes
00,10 - as nossas escolas e a falta de educação
00,11 - os nossos hospitais e a falta de um sistema de saúde digno
00,12 - as nossas estradas e a ineficiência do transporte público
00,13 - a prática da troca de votos por cargos públicos nos centros de poder que causa distorções
00,14 - a troca de votos da população menos esclarecida por pequenas melhorias públicas (pagas com dinheiro público) que coloca sempre os mesmos nomes no poder
00,15 - políticos condenados pela justiça ainda na ativa
00,16 - os mensaleiros terem sido julgados, condenados e ainda estarem livres
00,17 - partidos que parecem quadrilhas
00,18 - o preço dos estádios para a copa do mundo, o superfaturamento e a má qualidade das obras públicas
00,19 - a mídia tendenciosa e vendida
00,20 - a percepção que não somos representados pelos nossos governantes

Se precisarem tenho outros vinte centavos aqui, é só pedir.

Do FACEBOOK.

Meus 20 centavos sobre as manifestações

Gostei muito do artigo escrito por Roberto Cassano! Objetivo e claro, aponta algumas falhas (normais, pela magnitude envolvida) e sugere ações focadas nas mudanças que TODOS queremos!   Bia Lopes


Sobre a casa invadida, o fim da anestesia e nosso Batman

É bastante provável que, ao fim das manifestações, nada de perceptível mude. Teremos uns centavos de redução de passagens aqui e ali, algumas resoluções e CPIs acolá, mas a estrutura, a raiz do problema não será resolvida.
Até porque as causas do movimento ampliado, que vai além dos 20 centavos e do passe livre, são abertas. Não há uma carta de reinvindicações na mesa que possa ser negociada. Não há um interlocutor.
E isso é ótimo.
Isso é ótimo por alguns efeitos que os protestos deixarão nos governantes. O principal deles é o que podemos chamar de síndrome da casa invadida.
Imagine que você volta para casa um dia e descobre tudo revirado, roubado, quebrado. Suas fotos pessoais expostas, gavetas abertas, itens subtraídos. Nos dias, meses e anos seguintes, não adiantará a quantidade de trancas, chaves e segredos, não importará a porta blindada. Você sempre vai dormir sobressaltado. Sono leve. Um olho aberto, ouvidos atentos a qualquer ruído.
No fundo, você saberá que pode acontecer novamente. Sem aviso.
Em menos de uma semana surgiu do nada, sem uma liderança, sem aviso ou previsão um movimento que levou centenas de milhares às ruas. Motivados inicialmente por meros 20 centavos. A casa foi invadida. Na cabeça de políticos e governantes, daqui pra frente, qualquer projeto, qualquer reajuste, qualquer decisão pode dar início a protestos similares.
Pela primeira vez eles se sentirão vigiados, observados por olhos brilhantes de rostos invisíveis na escuridão. Criamos nosso Batman coletivo, cuja mera lembrança de seus ataques repentinos e de sua asa de morcego fazem os bandidos pensarem duas vezes.
Um segundo ponto é tornar pública e generalizada a discussão política. Por alguns dias, jovens e adultos estão debatendo serviços públicos, PEC 37, o papel e a postura dos políticos. Acabou o efeito da anestesia. De súbito descobrimos que as coisas não vão tão bem assim. O complexo de vira-lata às avessas que vivemos nos últimos anos foi superado. Passamos novamente a perceber que temos mazelas, e muitas. Acabou a ilusão de que tudo vai bem, de que somos todos ricos, lindos e famosos. E isso durante uma competição esportiva. Durante uma quase Copa.
Na noite de 18 de junho, William Bonner comunicou no Jornal Nacional que abandonou o plano de apresentar o noticiário da frente dos estádios – procedimento normal do JN na cobertura de grandes eventos esportivos – para voltar ao estúdio, por conta do peso dos protestos na pauta. Em outras palavras: a cobertura dos protestos se tornou prioritária à da Copa das Confederações. Isso é ou não é uma incrível vitória de nosso povo sempre controlado à base de pão e circo?
Como mencionei na autocrítica como publicitário, Manuel Castells já avisava que chegaríamos a esse ponto. O nobre Carlos Nepomuceno lembrou outro texto que ajuda a entender esse momento, o livro “Quem está no comando?”, de Ori Brafman e Rod Beckstrom. Há uma explicação para tudo isso.
Apesar de toda a anarquia, há uma lógica por trás do que estamos vivendo. E isso é ótimo, também.
Poderemos estudar e entender melhor do que se passa. E continuaremos à frente, pois não temos a arrogância e as amarras (rabo preso seria um termo vulgar, embora apropriado) da classe política, tão ensimesmada, autocentrada e autossuficiente demais para tentar ouvir e entender a sociedade.
A casa ainda não caiu, mas agora a gente tem a chave.

Autor: Roberto Cassano https://medium.com/what-i-learned-today/fd831fdb3265


 

domingo, 16 de junho de 2013

muito mais do que 20 centavos

"muito mais do que 20 centavos" 

Do blog de  Marcelo Rubens Paiva (Estadão.com), este artigo comenta as manifestações e as agressões cometidas contra as pessoas que questionam o Estado e suas ações! Leia, eu li e gostei!   Bialopes 


Se engana quem acredita que a cidade parou por apenas 20 centavos. Embora 20 centavos faça a diferença para milhões.
Na manifestação do Movimento Passe Livre de terça-feira, a unanimidade foi chamar todo cidadão que protestou de vândalo e baderneiro.
As duas mais importantes autoridades da cidade estavam juntas em Paris, o governador do PSDB, Geraldo Alckmin, e o prefeito do PT, Fernando Haddad, com o vice-presidente da República, Michel Temer, do PMDB, numa surpreendente aliança com aspecto de grandeza e alucinada: sorridentes, esqueceram as divergências e tentaram vender mais uma vez o Brasil para outro grande evento internacional, enquanto as obras da Copa das Confederações não estão prontas, e as obras de mobilidade urbana para a Copa do Mundo nem começaram.
Na França, apresentaram o projeto de São Paulo à Expo 2020, uma prova de que o Poder vive num delírio megalomaníaco, ao passo que, quem leva duas horas por dia para ir trabalhar, três para voltar, em ônibus entupidos e caros, enfrenta 200 km de congestionamento, vive a realidade.
A manifestação nesses dias em São Paulo e outras capitais ganhou o caráter que deveria.
Não se trata apenas de centavos a menos na passagem do ônibus, mas de uma revolta coletiva contra um Estado que trata o indivíduo como um estorvo: o inimigo.
Estado que, ao invés de solucionar os problemas da violência, aterroriza. Que pensa para fora, não para dentro. Que gasta em estádios, não em metrô.
E mais uma vez, a Polícia Militar, o braço armado que garante o Poder aos incompetentes, e os blinda contra as revoltas, faz o trabalho que nem sequer o melhor dos marqueteiros conseguiria: une a sociedade, dentro e fora do Brasil, física e virtual, contra a violência de quem deve combatê-la e ganha para isso.
Viu-se uma PM tomar o Poder. Impedir que manifestantes ocupassem a avenida, ocupando-a. Abrir fogo contra inocentes e jornalistas. Tipificar uma manifestação política como formação de quadrilha.
Não é mais o aumento da passagem a bandeira. Alguns cartazes escritos à mão deram o tom.
“O povo não deve temer o governo, o governo deve temer o povo”.
“Uma cidade muda não muda”.
“Desculpe o transtorno, estamos mudando o País”.
Pela TV, assistimos a anarquia militar. Motos tocavam pedestres como gado em frente à FIESP. PMs atiravam a esmo. Encurralavam jovens de braços erguidos, rendidos.
Pelas redes sociais, minuto a minuto, informes, imagens e relatos.
Apresentadores de TV perdidos, desinformavam e confundiam.
Luiz Datena, da BAND, fazia uma enquete ao vive. Sua pergunta tendenciosa pedia uma resposta: “Você é a favor de protesto com baderna?” O resultado mostrou que a revolta é mais profunda, deixou o apresentador sem ação: o sim ganhava do não por 2050 a 851, quando a emissora tirou a enquete da tela.



Enquanto pelas redes sociais rodava a foto da repórter Giuliana Vallone, da TV Folha, com o olho sangrando, de policiais quebrando o vidro da própria viatura para simular um ataque, de cinegrafista levando um jato de spray de pimenta, a polícia ocupava a Paulista, fechava a avenida para manifestantes não a ocuparem.
Antônio Prata tuitou: “No próximo protesto, que se combine de antemão. A PM vai pra praticar atos de vandalismo, e os manifestantes para tentar contê-los.”

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O debate está lançado.
Vale a pena ler trechos do longo artigo que Eduardo A. Vasconcellos, diretor do Instituto Movimento de São Paulo e assessor da Associação Nacional dos Transportes Públicos (ANTP), escreveu para o LE MONDE DIPLOMATIC:
Na história do nosso sistema de transporte de passageiros, os mecanismos de financiamento foram dirigidos principalmente ao incentivo do transporte individual. A partir da Constituição de 1934, quando se declarou pela primeira vez que era necessária a construção de um sistema de rodovias, todos os esforços foram feitos para atingir esse objetivo. Mais tarde, a introdução da indústria automobilística em 1956 foi um marco essencial nesse caminho, tendo sido seguida por políticas de apoio permanente ao automóvel e, mais recentemente, à motocicleta. O único período no qual o transporte coletivo teve lugar efetivo na agenda federal foi durante a crise do petróleo da década de 1970, quando órgãos federais tiveram capacitação técnica e recursos para investir em sistemas de ônibus nas grandes cidades brasileiras. Esse movimento esteve relacionado à crise de energia e ao receio do aumento intolerável do custo de importação de petróleo, e não a motivações políticas ou sociais que questionassem o modelo de privatização da mobilidade. Uma vez abrandada a crise, as intenções se voltaram à viabilização do processo de motorização privada da sociedade.
Após a Constituição de 1988 e o afastamento do governo federal da questão do transporte público, os recursos federais ficaram limitados às fontes do Orçamento Geral da União e do BNDES, sendo aplicados em alguns corredores de ônibus e sistemas ferroviários e metroviários de grandes cidades. Mais recentemente o Código de Trânsito de 1998 criou o Fundo Nacional de Segurança e Educação para o Trânsito (Funset) e o DPVAT (seguros contra acidentes). Desde então, essas duas fontes acumularam cerca de R$ 3,1 bilhões, recursos que, em sua maioria, estiveram contingenciados pelo Ministério da Fazenda. Adicionalmente, foi estabelecida a Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide), que, originária do consumo de combustíveis, tem parte da destinação prevista para os transportes públicos. No entanto, a maior parte dos recursos da Cide (cerca de R$ 9 bilhões por ano) também foi sendo contingenciada ao longo do tempo.
No tocante à operação dos sistemas de transporte de passageiros, os custos do transporte público são cobertos pelas tarifas pagas pelos usuários e, em alguns casos (principalmente nas ferrovias), também por complementações orçamentárias. A cobertura dos custos vem ficando cada vez mais difícil e iníqua, na medida em que a tarifa vem aumentando acima da inflação, afetando muito os usuários que não recebem o vale-transporte. Além disso, aumentou a concessão de gratuidades e descontos, que são pagos pelos demais usuários, a maioria de baixa renda: há cidades nas quais as gratuidades beneficiam de 20% a 40% do total de passageiros. Outro problema estrutural é a queda na demanda, que transfere os custos para um número cada vez menor de usuários.

Não é apenas 0,20 centavos....

Acorda Cidadão!
Exemplo sobre o impacto do aumento de R$0,20 sobre a tarifa de transporte público para São Paulo:

São só 0,20 centavos ?? Vamos ver.
Metrô - 4,5 milhões de usuários por dia.
4,5 milhões x 0,20 centavos
Dia = 900.000,00 MIL
Mês = 19.503.000,00 MILHÕES - 21,67 dias úteis
Ano = 234.036.000,00 MILHÕES - 260 dias úteis
Ônibus - 6 milhões de usuários por dia.
6 milhões x 0,20 centavos
Dia = 1.200.00,00 MIL
Mês = 26.004.000,00 MILHÕES - 21,67 dias úteis
Ano = 312.048.000,00 MILHÕES - 260 dias úteis
CPTM - 2,3 milhões de usuários por dia.
2,3 milhões x 0,20 centavos
Dia = 460.000,00 MIL
Mês = 9.968.200,00 MILHÕES - 21,67 dias úteis
Ano = 119.618.400,00 MILHÕES - 260 dias úteis
UM TOTAL DE
665.702.400,00
São só 0,20 centavos né?

sábado, 15 de junho de 2013

"Eu falei que era só uma questão de tempo para esses movimentos virtuais irem às ruas"

Leia o artigo da * Lígia Ferreira 

Marina Silva. Imagem: namiradogroove

"Eu falei que era só uma questão de tempo para esses movimentos virtuais irem às ruas", afirma Marina Silva
a ex-senadora, afirmou, em apresentação sobre os recentes protestos por todo o Brasil: "Eu sempre dizia que era um erro tratar esses movimentos como se eles fossem apenas movimentos virtuais, 'na internet', e eu dizia em várias palestras que era só uma questão de tempo e que iria transbordar do virtual para o presencial. Transbordou e agora as pessoas estão nas ruas".


Destacou uma "outra demanda" que também está colocada (além da redução do preço das passagens): "Há uma outra demanda. É que as pessoas não estão suportando mais essa situação de impotência para transformar politicamente aquilo que de fato elas querem que seja transformado, porque a cada ano que passa as pessoas vão percebendo que o monopólio da política exercido pelos grandes partidos as coloca no lugar de meros espectadores da política".

Prosseguiu: "Eles não querem ser apenas espectadores. Eles querem ser mobilizadores, protagonistas dos processos de transformação. Esses movimentos de borda têm uma característica muito particular: eles são multicêntricos, eles são horizontais, ainda que existam algumas forças ou até pessoas ligadas a partido político, mas isso é apenas residual. A força desse movimento é que ele é um movimento autoral. Não é dirigido por partido, não é dirigido por sindicato, por ONG, por lideranças carismáticas (...)".

Qual é a sua posição a respeito? Existe horizontalidade e independência? Sob que perspectiva os partidos estão se imiscuindo ou até mesmo se aproveitando da iniciativa popular? O envolvimento de partidos afeta a credibilidade das manifestações ou é algo admissível, desde que não se dependa dos mesmos, tampouco que estes tenham interferência ou sobreposição? Sob que medida opositores às manifestações estão utilizando isto para difamar os movimentos? Manifeste sua opinião e contribua para o diálogo democrático.

*Lígia Ferreira é analista de sócio-mecanismos.
http://www.folhapolitica.org/2013/06/eu-falei-que-era-so-uma-questao-de.html

quinta-feira, 13 de junho de 2013

DEPUTADA QUE TEVE O FILHO ASSASSINADO LUTA POR PENA MAIOR A CRIMES HEDIONDOS

Leia este relato e depois assine a petição! Todos nós somos reféns de assassinos cruéis que matam sem piedade....



BiaLopes



Na manhã de sexta-feira, 13 de maio, a comerciante Iolanda Keiko Miashiro Ota subiu no púlpito da Câmara dos Deputados para fazer valer a máxima: “Se quer algo bem feito, faça você mesmo”. A camiseta com o rosto do filho Ives, morto aos oito anos em 1997, é velha conhecida dos corredores da Casa. Mas, pela primeira vez, subiu ao púlpito, empunhada por 213.024 eleitores que elegeram a agora deputada federal Keiko Ota (PSB-SP). Desde que tomou posse no mandato, em fevereiro, a deputada e o marido, Masataka Ota, tomaram por missão aumentar a pena para crimes hediondos no país. Objetivo que não foi possível no passado, mesmo apoiado por 3 milhões de assinaturas, mas que agora tem mais do que uma intenção, um mandato.

Há 12 anos, Keiko e o marido iniciaram uma peregrinação por alterações no Código Penal. A missão de vida dos Ota teve início depois que o filho do casal foi sequestrado e morto por seguranças de Masataka, após reconhecer o rosto de um dos algozes no cativeiro. Depois do crime, o casal recolheu 3 milhões de assinaturas e entregou-as em 1999 ao então presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), pedindo que crimes hediondos fossem punidos com prisão perpétua e trabalho agrícola. Desde então, o processo nunca avançou no parlamento. Pior, os acusados de assassinar o filho do casal foram condenados a 43 anos de prisão, mas acabaram soltos depois de apenas seis, com a regalia de cumprir o tempo em prisão militar – eles eram policiais militares.

Inconformada com o desfecho anunciado para a morte do filho, Keiko decidiu criar um novo fim. “Fiz uma declaração de vida para o Ives, de que, enquanto eu viver, não vou querer vingança, mas Justiça. O perdão pode e deve conviver com a Justiça. Só cumpriremos nossa missão com 213 mil eleitores e 3 milhões de pessoas se terminarmos nosso mandato com essa lei aprovada”, diz a deputada. Como a lei inicial que previa prisão perpétua para crimes hediondos é inconstitucional, Keiko decidiu alterar o texto. Quer agora estabelecer pena de 100 anos para criminosos como os que assassinaram Ives, sem possibilidade de progressão.

Ritmo

Desde fevereiro, a rotina de Keiko passa pela Câmara de terça a quinta-feira. Na segunda, sexta e sábado, ela o marido dois atendem a outras vítimas de crimes hediondos no Instituto Ives Ota, em São Paulo. Na tentativa de fazer o Legislativo caminhar com as próprias pernas, o casal admite que ainda pena para se acostumar ao ritmo do Congresso. “Todo dia recebemos uma lista de comissões, é comissão disso, daquilo. Mas só comissão não adianta, vamos resolver! Passam o dia discutindo e nada. Noutro dia, muda-se o assunto mas não se resolve”, exalta-se Masataka. Japonês de Okinawa, no Brasil desde os dois anos, o marido de Keiko gaba-se de ter sido o pioneiro em São Paulo nas lojas de R$ 1,99. Até hoje guarda no sotaque o traço da alfabetização inicial no idioma nipônico.

Desde a morte do filho, no entanto, a cabeça do casal não se liga em outra coisa senão evitar que outras crianças sofram o mesmo destino. O comércio, que chegou a somar 15 lojas, perdeu o antigo fôlego quando a prioridade dos Ota passou a ser o instituto que leva o nome do filho. Para manterem-se unidos, decidiram agarrar-se à religião e ao apoio às vítimas de violência. “Minha maneira de exorcizar o que aconteceu com meu filho foi gritar ao mundo. Quantos pais passam por essa dor e não se recuperam? Matam por motivos banais e não podemos ficar assistindo. Por isso viemos a esta Casa”, conta Keiko, descendente de japoneses, nascida e criada na Vila Carrão, Zona Leste de São Paulo.

Com a eleição no ano passado, os dois se revezam no lobby com os parlamentares. “Desde que cheguei são vários os deputados que vêm falar conosco. Muitos perderam os filhos e vêm se consolar. Vamos recolher as assinaturas de todos os outros 512 deputados e 81 senadores”, ambiciona Keiko. “Eu e meu marido fizemos até uma frente parlamentar para vítimas de violência. O culpado tem muitos mecanismos: indulto, progressão penal, benefícios, mas os parentes das vítimas, não”, diz. O objetivo da deputada é criar benefícios como assistência psicológica para os familiares de mortos em crimes hediondos.

Perdão

Além do maior rigor em casos como o de Ives, Isabella Nardoni e Isabela Tainara, os Ota esperam aprovar em quatro anos apenas mais um projeto de lei, instituindo o Dia Nacional do Perdão. “Depois do que aconteceu com o Ives, minha intenção sempre foi matar os caras, de todo jeito. Até que um dia preparei meu 38 para ir ao presídio. No caminho, decidi jogar a arma fora e fui até lá para perdoá-los”, relata Masataka. “A verdade é que a nossa Justiça não condena os culpados, mas os inocentes”, afirma.

O primeiro discurso de Keiko na Câmara atraiu a atenção de seis deputados, todos pedindo aparte — número alto para uma sexta-feira de manhã. Quatro parlamentares afirmaram ter deixado o gabinete para pronunciar falas de apoio. Os outros 506 deputados que não compareceram já estão marcados na agenda de Keiko e Masataka. Receberão em breve um pedido de apoio, que virá apoiado por 3 milhões de assinaturas.