Com este belíssimo artigo de meu amigo, o escritor Orlando Sabka@ quero aproveitar e desejar a TODOS um Feliz Ano Novo, um ano mais justo onde não falte o pão, o respeito e a dignidade a cada um de nós!
Beatriz Antonieta Lopes
Beatriz Antonieta Lopes
Natal e Ano Novo, novas esperanças
Ainda bem que a esperança é a última que morre, diz
um ditado popular. Todos os anos, por ocasião das comemorações de Natal e Ano
Novo, centenas de milhões de pessoas renovam suas esperanças e fazem seus
pedidos, desde o mais remediado, aquele esquecido pela “sorte”, o que vive à
margem do desenvolvimento e da sociedade, ao mais abastado dos mortais.
Não resta dúvida que o Natal, para
os cristãos, é o mais importante evento do ano, quando se comemora o nascimento
de Jesus Cristo, Salvador, e cada um, à sua maneira, se desdobra em doar algum
tipo de alimento, roupas e brinquedos para as pessoas pobres, famintas e
miseráveis, que proliferam pelos quatro cantos do planeta e aqui no Brasil, não
se foge à regra, em face da generosidade de nossa gente.
Mas por que essa generosidade
principalmente nesse período? Será que o pobre, o remediado, se alimenta apenas
uma vez ao ano? Cadê programas oficiais de assistência em tempo integral, que
proporcione dignidade ao ser humano? Em nível de Governo, o que se ouve, desde
há longa data, é apenas retórica e nada mais, com maravilhosas exceções de
diversas pessoas e entidades particulares, religiosas, clubes de serviço e
filantrópicos, que se desdobram em ajudar o próximo ao longo dos anos e, mesmo
enfrentando dificuldades, fazem sua parte com carinho e determinação,
proporcionando dignidade e valorização humana. Um belo exemplo a ser seguido,
principalmente por aquelas pessoas que detém o poder e tem a obrigação de
amparar o cidadão comum, aquele que vive excluído da sociedade, esquecido pelos
cantos da vida, apenas lembrado em época de eleição e somente até o momento de
dar seu voto, muitas vezes trocado por um pouco de alimento, algumas telhas,
tijolos, areia e cimento, tão comum em eleições passadas e hoje, pelo que se
ouve falar pelas esquinas, por uns trocados. Falta conscientização.
No planeta, mais de 500 milhões
de seres humanos vivem abaixo da linha de pobreza e, o que é mais triste ainda,
cinco milhões de crianças morrem de fome anualmente. Aqui no Brasil os números
não são nada animadores. É mais de 25 milhões de crianças e adolescentes, isso
sem contar os adultos, que podem chegar também a esses números estratosféricos,
sem nenhuma perspectiva de vida digna, pois passam fome e privações em meio à
fartura. Esperar o que dessa gente, caso a situação não mudar para melhor? Com
certeza mais crianças e adolescentes vivendo nas ruas, abandonadas à própria
sorte, a mercê de traficantes, cheirando e consumindo drogas, se prostituindo, praticando
furtos, assaltos e assassinatos. Essa é a realidade das ruas, extremamente
cruel, onde não existe uma mão amiga que os possa orientar e amparar, muito
menos programas oficiais de ajuda. Existem alguns programas de ajuda
particular, mas são pouquíssimos. Podemos imaginar o destino final dessas
pessoas que nunca tiveram uma oportunidade decente na vida. Construir mais
prisões não é a solução e somente preces e cruzar os braços também não resolve
o problema. É necessário agir, tomar atitude firme e duradoura com fé e, com
inspiração Divina, os problemas poderão ser resolvidos de modo satisfatório. Aí
sim, os pedidos de Natal e Ano Novo terão um significado maior, as esperanças
renovadas, na certeza de serem realizados.
O quadro
é alarmante e tende a se agravar ainda mais, em face da enorme concentração de
renda em mãos de uns poucos e da globalização, em que poderosas companhias transnacionais,
banqueiros e da agiotagem financeira internacional levam absoluta vantagem, nos
mais diversos setores da economia mundial, numa desenfreada acumulação de
riquezas, jamais vista no mundo dos negócios, onde ganância e rolo compressor
são parceiros no dia-a-dia, fazendo com que o abismo entre ricos e pobres se
torne cada vez maior. Países caem de joelhos exauridos (Grécia, Espanha,
Portugal e diversos países africanos são exemplo atual), aumentando a legião de
desempregados, de famintos, desagregando famílias, gerando incertezas, ranger
de dentes, ódios e miséria humana, em proporções gigantescas. É o Apocalipse acontecendo
aqui e agora, a nível mundial e, ao que parece, ninguém se da conta disso,
sempre com pressa em gerir uma avalanche de compromissos que nunca acaba e não
dispõe de tempo para observar que o mundo está desabando ao seu redor ou, na
melhor das hipóteses, que não o possa atingir. Somente dá-se conta quando já é
tarde demais.
Reverter o quadro de pobreza absoluta é um desafio
enorme, mas, para que isso realmente possa acontecer, é necessário que os
governos, espalhados pelo planeta, invistam maciçamente em programas
específicos, que vão desde a ação social à participação das rendas auferidas no
país. Alavancar a indústria, agricultura e comércio com dezenas de milhões de
postos de trabalho façam parte desses programas, como também construção de moradias,
saneamento básico, saúde e educação. É um longo caminho a ser percorrido, mas
necessário. No entanto, o maior entrave que se observa, é a falta de vontade
política desses governantes, geralmente acomodados, usufruindo das benesses que
o poder oferece. Ao que parece, ficam deslumbrados e facilmente se esquecem das
populações que os elegeram. Os reclames das massas jamais se adentram em seus
suntuosos palácios, onde a vida corre maravilhosamente bem, com gastos
mirabolantes, enquanto que o povo humilde e sofrido deseja e pede,
principalmente, em época de Natal, apenas comida, nada mais que comida, na
esperança de seus pedidos serem atendidos. Entra ano e sai ano e tudo continua
como antes, talvez até um pouco pior, mas o povo tem fé e esperança de que vai
mudar e nessa longa e triste jornada muitos ficam pelo caminho precocemente,
pelo fato de não terem sequer um prato de comida e o medicamento necessário.
Isso é triste, muito triste, mas é a realidade incontestável, em pleno século
21, enquanto que se gastam centenas de bilhões de dólares em programas
espaciais, em armamentos e outros projetos mirabolantes, anualmente, no mundo, centenas
de milhares de seres humanos morrem de fome e por doenças, isso sem contar as
constantes guerras, onde preciosas vidas são ceifadas diariamente.
Parece até criancice, mas muitas vezes chegamos a
pensar que Deus poderia vir até nós com um bastão de beisebol na mão e baixar
no lombo de muita gente para que a as coisas se encaixem de uma vez por todas,
mas por outro lado, lembramos que Ele nos concedeu o dom do livre arbítrio, de
modo que ganância, poder e dominação são uma constante. Haja paciência!
Que este seja um bom Natal, que haja de fato
consciência natalina e que o Espírito do Natal contagie toda a humanidade,
fazendo com que os corações empedrados sejam somente corações e que todos
possam pensar e agir com o coração e mente aberta. Somente assim poderemos
viver em um mundo verdadeiramente humano, em paz, onde o estender de mãos
poderá ser uma constante e a vida valorizada em sua plenitude. Que o Senhor
Deus possa derramar suas bênçãos, de modo abundante, sob a face da Terra. Feliz
Natal e Próspero Ano Novo.
ORLANDO SABKA
E-mail:
osabka@terra.com.br
Rondonópolis/MT, Natal
de 2012.