Recebi este artigo, enviado por um amigo e achei que era impossível ler e não publicar!!! BiaLopes
Tenho um amigo petista (pessoa incrível e honestíssima), que
escreveu sobre o relatório da OIT - Organização Internacional do Trabalho,
mostrando que a pobreza no Brasil caiu 36% em 6 anos, e dizendo que deve ter
gente mordendo os cotovelos de tanta raiva. Não resisti e respondo
publicamente. * Elizabeth Rondelli
'Rir com dente
é fácil'.
Quero
ver agora que o preço das commodities caiu, que o modelo de exploração de
petróleo criado pela presidenta prova-se inviável, que a Petrobras não consegue
mais segurar a inflação artificialmente baixa, que o pibinho petista não vai
sequer chegar a 2%, que o Brasil começa a ser encarado como um país onde é
difícil fazer negócio por tanta intervenção e achaques às empresas, que o prazo
razoável de fazer as importantes reformas (previdenciária, tributária, fiscal,
política...) já venceu, que não houve um mísero progresso nas variáveis que
impactam o aumento da produtividade e da competitividade (infraestrutura,
educação, ciência e tecnologia), que todos os esforços foram direcionados à
anabolização dos números no curto prazo em detrimento da poupança e do
investimento no longo, que os sete (eu disse SETE) pacotes lançados nos últimos
meses para tentar ressuscitar o paciente moribundo mostraram-se tão patéticos
quanto as pessoas que os maquinaram, que as famílias estão endividadas até o
talo de tanto estímulo ao consumo, que a arrecadação já dá demonstração de
queda (mesmo com o aumento das alíquotas, o que representa perda real em base
tributável — ou atividade econômica)...
Eu poderia continuar por mais uma semana elencando a sequência
de burradas dos governos petistas. E olha que eu nem entrei no mérito moral —
aí, é "capivara" mesmo, ficha policial.
Com economia aquecida e uma carga tributária boçal (em ambos os
sentidos: quantidade e qualidade), é fácil ter muito dinheiro para gastar.
Distribuir aos pobres parece coisa de gente de bom coração. Renda na mão de
pobre vira consumo e consumo conta para o PIB. E, na mão de petista, vira voto
na certa. Mas, agora que o dinheiro vai começar a rarear, quero ver onde vai
estar o coração dessa gente. Ou vão cravar mais fundo os dentes no setor
produtivo da sociedade ou vão ter que escolher o que deixa de receber recursos.
Tenho certeza de que o caixa 2 das campanhas eleitorais deles está garantido —
até porque este parece ser (por mais surreal que possa parecer) o ÁLIBI dos 36
réus do mensalão.
O fato é que, 10 anos depois, o pobre brasileiro pode ter ficado
momentaneamente menos pobre na carteira, mas não se tornou um milímetro mais
capaz de enfrentar os desafios do mundo moderno em que o país compete. Basta
ver que os analfabetos funcionais das faculdades de gesso do Luladdad chegam a
38% (é inacreditável, mas é verdade).
Acabada a farra da gastança, voltaremos para a mesma estaca em
que estávamos antes. Um pouco piores, na verdade, graças aos retrocessos que
representam os constantes ataques às instituições da sociedade (a Justiça, a
liberdade de imprensa, a independência dos poderes, o que restava de honradez
no Congresso, a política externa que deixou de servir à nação para se dobrar a
um projeto particular de poder...) e às bases da economia de mercado tão
sólidas que os petistas herdaram de seus antecessores mais capazes (a Lei de
Responsabilidade Fiscal, o Bolsa Escola — este, sim, carregava uma
contrapartida que produzia um efeito positivo no longo prazo em vez de
boçalizar a população com esmola–, a autonomia do Banco Central, a
confiabilidade dos dados oficiais, o modelo de privatização, o ordenamento
jurídico que atraiu o investidor estrangeiro, a estabilidade econômica e de
regras...).
Eu não mordo os cotovelos porque as pessoas estão menos pobres.
Mordo de ver que o PT transformou em mais um vôo de galinha a maior
oportunidade que o Brasil jamais teve de entrar definitivamente para a elite
global. Mordo de ver que gente inteligente como você não
consegue perceber a destruição do nosso futuro que está sendo promovida dia
após dia por gente que só quer se locupletar e perpetuar seu poder sobre a
máquina estatal —
cada dia maior e mais nefasta para a economia e, por extensão, à sociedade.
Mordo de ver que estamos abandonando as fontes que trouxeram riqueza para este
país para nos alinharmos cada dia mais aos membros do Foro de São Paulo — do
qual fazem parte o mais abominável ditador do século na América do Sul e o
grupo narco-guerrilheiro que ele apóia no país vizinho. Mordo
de ver que gente do bem ainda se alinha com os maiores bandidos que já ocuparam
o poder central deste país. Mordo de pena. Mordo de tristeza. Mordo de
desesperança.
*
*Elizabeth Rondelli, doutora em Ciências Sociais, professora
aposentada das Universidades Federais do Rio de Janeiro e Juiz de Fora
Nenhum comentário:
Postar um comentário